terça-feira, 31 de março de 2009
quinta-feira, 26 de março de 2009
Sedução
Adelia Prado
A poesia me pega com sua roda dentada,
me força a escutar imóvel
o seu discurso esdrúxulo.
Me abraça detrás do muro,
levanta a saia pra eu ver, amorosa e doida.
Acontece a má coisa, eu lhe digo,
também sou filho de Deus,
me deixa desesperar.
Ela responde passando
a língua quente em meu pescoço,
fala pau pra me acalmar,
fala pedra, geometria,
se descuida e fica meiga,
aproveito pra me safar.
Eu corro ela corre mais,
eu grito ela grita mais,
sete demônios mais forte.
Me pega a ponta do pé
e vem até na cabeça,
fazendo sulcos profundos.
É de ferro a roda dentada dela.
sábado, 7 de março de 2009
Pequena sabedoria
Sabe, um gêiser, aquele da revista do Tio Patinhas?
Sabe, as gotas, que caem de si mesmas?
Sabe, o desejo que abre a janela ao meio dia?
Sabe, o doce no que é azedo?
O fascínio no enigma?
Sabe, a espera e o susto?
Lágrima seca?
Sabe, a mão sobre a barriga?
Sabe, a palavra barriga?
Sabe, ver a pulsação sem toque?
Sabe, quente?
A beleza sem aviso?
Sabe quando há silêncio?
quando não há alma
quando se perdeu a chance
quando flagramos o dia?
Sabe quando se sabe?
Sabe, as gotas, que caem de si mesmas?
Sabe, o desejo que abre a janela ao meio dia?
Sabe, o doce no que é azedo?
O fascínio no enigma?
Sabe, a espera e o susto?
Lágrima seca?
Sabe, a mão sobre a barriga?
Sabe, a palavra barriga?
Sabe, ver a pulsação sem toque?
Sabe, quente?
A beleza sem aviso?
Sabe quando há silêncio?
quando não há alma
quando se perdeu a chance
quando flagramos o dia?
Sabe quando se sabe?
Assinar:
Postagens (Atom)