sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Grande Sertão

Guimarães Rosa

Já tem um tempo, venho querendo tornar a leitura de Grande Sertão: Veredas meu projeto de férias. Como há muito não tiro férias de verdade, o projeto não tem saído da vontade. Neste meados de janeiro em que finalmente posso ficar por conta do ócio - para mim uma condição essencial para a leitura de um romance - me entreguei às páginas da obra tida por uns como indispensável a todo apaixonado pela literatura.
Soubesse eu que não havia nada de tão assim na linguagem usada por Guimarães - para mim, me assustava como o Ulisses de Joyce: achava um a moda do outro - teria encarado antes a empreitada e me antecipado esse prazer. Bastou romper as 15 primeiras páginas para me acostumar com o falar de Riobaldo e me embrenhar com ele pelo sertão, sem medo ou cansaço.
Apesar da demora, eu já tinhas algumas pistas de que era um sem fundamentos ainda que me mantivesse desenconrajada pelas notícias das tantas teses sobre o texto: Beth Hazin teve até os manuscrito do bicho em suas mãos para sua pesquisa em crítica genética e, por conta disso, me contou um tanto de coisa. Umas lindas. A última , de um ano atrás, é que sua proximidade com o livro lhe rendeu a função de guia literária - muito qualificada - em um passeio pelo sertão mineiro até o Goiás com privilegiados leitores da obra, interessados em reviver seus detalhes em in loco. Bacana.
Nas três ou quatro palestras do José Mindlim que já assisti, pois é figurinha fácil em todos os COLE's, o bibliófilo jamais esquece de afirmar ser o "Grande Sertão" o seu livro preferido, apesar das reservas que tem - e que também não deixa de mencionar - em relação ao seu autor, que segundo ele era um chato convencido.
Tem ainda os contos de Primeiras Estórias que amei desde sempre, sobretudo A terceria margem do rio, que me tira uma lágrima no ponto da recusa do filho de endoicer como o pai. Me dá uma dó tão grande quando ele se levanta, achando que o filho vai substuituí-lo na canoa...
Agora estou no sertão dos gerais, comovida com o amor quase incontível de um jagunço por outro, já esquecida do Tony Ramos e da Bruna Lombardi, plena de outras imagens.
Convido, os que queiram, a compartilhar essa leitura e comentar aqui. Dá pra alcançar uma edição entre as muitas já publicadas (estou lendo a da Nova Fronteira) e me acompanhar, pois viajarei de férias durante os proximos 8 dias e dividirei o ócio com outros prazeres. Neste momento estou na página 78. Quem já leu pode trazer suas memorias de leitura, adoraria.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

exercicio


Uma vez,

duas vezes,

e uma vez mais.

Nunca mais.

Reviravolta:

volta e meia,

Volteia .

Outra vez,

a vez

d e volta.

Revolta.

Dessa vez,

a volta

não tem vez.

Talvez.

domingo, 3 de janeiro de 2010

abóbora




Sempre chega,
a hora bendita.

Que se recuse
todo futuro,
que se abdique
de toda esperança,
que se negue
o porvir,
ainda assim
é hora.

e não se pode falar
e não se quer partir
e não é fácil ceder,
e não se vê honra na luta.

No entanto,
implacável,
a hora chega.
Empacota uma historia
inteira,
quer a única atitude
que não se pode ter.

Quando finalmente
chega a assustadora hora,
somos surpreendidos
pelo próprio,
rápido,
diligente
e obediente
sim.