terça-feira, 31 de maio de 2011

sábado, 21 de maio de 2011

Cine Colinas


David Cardoso, astro da pornochanchada

Nasci numa cidade muito pequena. Uma época, tinha dois cinemas. Foi quando eu descobri que o mundo era grande. O Cine Rival e o Cine Colinas. O mundo era muito grande. Vi o deserto e um menino picado por um escorpião. Teixeirinha, Dio come ti amo, Os trapalhões, bang bang italiano, pornochanchada. Vi uma cena de sexo pela primeira vez com o braço engessado. Saí escondida de casa e antes de a sessão terminar minha mãe já sabia que estava no cinema. Mandou me chamar.  Minha irmã foi me fazendo medo. Eu pensando no que o Antonio Fagundes e o Ney Latorraca faziam com a Marilia Pera. No cinema só tinham bancos, não tinha cadeira. Às vezes, o filme queimava. Às vezes, a luz apagava. Às vezes eu ia com a empregada lá de casa. Às vezes, trocava o cinema pelo circo. Gostava do circo, mas o cinema era mais todo dia. Acabava a aula e eu via o cartaz no começo da praça. Ainda bem que eu morava no final da praça. Fotos de Saloons, de moças com tarjas pretas, de Renato Aragão e Muçum. Um dia, O Menino no Deserto. Um dia, Dio come ti amo (italiano!). Um dia, chorei no cinema. Eu nasci no cinema. Não de verdade. De verdade, mas no cinema!

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Rosebud




Hoje fui ver Cidadão Kane no cinema. Não, não estou em São Paulo, estou em Maceió mesmo. Saio de casa e, em cinco minutos estou com o ingresso do filme na mão, num cinema de arte (Agradeço a Deus por o longe de casa ser tão perto do cinema). Cidadão Kane. Nem lembro quantas vezes tentei ver esse filme até o fim. Já me sentei na frente da TV algumas vezes com essa disposição, mas nunca conseguia reunir concentração suficiente. O preto e branco na telinha, os outros canais da TV a cabo e todo aquele noticiário no início do filme... muito desafio. Hoje, diante da telona, de mãos quase dadas com a platéia de jovens e velhos cinéfilos, juntos na empreitada de saber o significado de Rosebud. Adorei. Fiquei encantada com a fotografia e com a narrativa não-linear. Uma aula. E, olhe, não há lugar melhor do que uma sala de cinema. Lá, eu me sinto a vontade pra dizer: há, sim, paraíso sem perder o juízo e sem morrer.