domingo, 18 de setembro de 2011

exercício

Sobre a distância ele podia falar quase tudo, menos da impossibilidade. Duvidava dessa palavra definitiva, entendia o mundo como um escancarado devir. Por isso foi, já acostumado a tanto ir, a tanto andar. Trazia todo o princípio consigo, mas viveria apenas de continuidades agora. Nada de recomeços, porque não era de esquecer. Também não era de lembrar; era todo memória levada no corpo, das manhãs às noites, como uma informação processando em default. Também não colocava nada ali no vazio que o sustentava. Só permitir tudo o que foi e o que virá. Um homem sem medos.
Encontrou entre cinza e fumaça, vermelhos vibrantes e amarelos pálidos. Cobriu-se de azul e cuspiu tons de terra e cobre. Viveu. Apenas indo para frente. Até encontrar a palavra encantadora: ininteligível, indecifrvel, quente, enviada - na verdade, devolvida -  diretamente pro centro de sua alma vagante. Sem direção, deu uma volta em torno do próprio vazio. Paralisado, resolveu obecer a ordem daquela nova loucura. Soube-se aprisionado por uma linguagem estranha, um código sem silêncios. Pela primeira vez, considerou que ir era fugir. E desejou.