quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Asa

palavra deitando horizonte além da muralha

invisível contorno da pele quente.
                                         
dia que se abre
por entre os flancos
da rotina,
              amarelo.
           




sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Uma canção para os estranhos.

Nao reconheço esse ritmo
Nao tive aulas ou cresci nesse batuque
Tenho tonturas, não sei dançar com santos
Não aprendi mover minha mãos
nem a deslizar os pés
Não sei o que é essa roda
Não tenho noites assim
Nem dias que antecedam giros
Isso é coisa de lá
Coisa de lá, de lá, de lá
Eu aqui só sei de mim
dos meus pés e mãos
E de não saber dançar.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012


João Cabral de Melo Neto

O Relógio

Ao redor da vida do homem
há certas caixas de vidro,
dentro das quais, como em jaula,
se ouve palpitar um bicho.
Se são jaulas não é certo;
mais perto estão das gaiolas
ao menos, pelo tamanho
e quadradiço de forma.
Umas vezes, tais gaiolas
vão penduradas nos muros;
outras vezes, mais privadas,
vão num bolso, num dos pulsos.
Mas onde esteja: a gaiola
será de pássaro ou pássara:
é alada a palpitação,
a saltação que ela guarda;
e de pássaro cantor,
não pássaro de plumagem:
pois delas se emite um canto
de uma tal continuidade



terça-feira, 2 de outubro de 2012

Martin Jarrie. Gosto demais dessa xícara, só não sei porque. Há uma unidade no trabalho dele que são esses compartimentos, fragmentos, multiplicidades... não sei. gosto.