quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Informe

Informo que estou ainda em choque por ter passado em primeiro lugar no concurso para professor efetivo da universidade federal de alagoas, com o compromisso de viver entre maceió e salvador a partir de novembro e com sentimentos muito ambíguos em relação a isso.
Sei que posso confessar isso aqui.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Lista 3: Obviedades para me convencer a ir




1. Não sou uma pedra ( Que, segundo minha mãe, é uma criatura que não morre, mas que também não se move);


2. No mundo há portas, escadas, caminhos... feitos por alguém que já passou


3. Quando chamo de risco o lugar pra onde vou, me chamo de corajosa;


4. Ir é o contrário de retornar;


5. Quando o caminho é longo, há mais tempo para mudar de idéia;


7. Ruim é ficar, ficar, ficar, ficar...


9. Sempre há a possibilidade da volta ou de outras idas;


10. Não precisamos sempre esperar pelo vento;










quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Estalos, petelecos e trincadas

Alma Corsária

De tanto sono me baixa uma lucidez estranha
em que a amendoeira pousa, luminosa, rara,
sob o fundo escuro da noite meio baça
(cilíndrica, roliça, bizarra)
seu vulto verde acocorado sobre a água
da piscina que não tem um pensamento.
Eu sinto inveja dessas águas anuladas
tão plácidas, idênticas ao próprio contorno
enquanto eu mesma nem sei onde começo,
quando acabo
e sofro o assédio de tudo o que me toca.
O mundo ora me engole, ora me vara
e tudo o que aproxima me desterra.
Chorei, ao ver no chão da cela,
o botão arrancado na contenda,
os óculos pisados do escritor judeu.
Tenho um coração que estala
com o peteleco das palavras de Clarice.
Numa vila miserável na Bahia,
um negro lindo, lindo,
dança ao som do corisco
_ e só me apaixono por casos perdidos,
homens com um quê de irremediável.
Mais de uma vez, imóvel, circunspecta,
vi abrir-se a máquina do mundo
sob a luz inclinada de Ipanema,
na Serra da Bocaina, no meio da floresta,
no alto da escada no topo do morro
por onde a moça seqüestrada vinha subindo
debaixo das lágrimas do pai.
Mais de uma vez meu coração trincou feito vidro
diante da página impressa,
e sempre que a palavra justa vem tirar seu mel
de dentro da copa do desespero de amor.
Acredito, do fundo das minhas células,
que uma amizade sincera "é o único modo de sair da solidão
que um espírito tem no corpo".
Sim, eu acredito no corpo.
Por tudo isso é que eu me perco
em coisas que, nos outros,
são migalhas.
Por isso navego, sóbria, de olho seco,
as madrugadas.
Por isso ando pisando em brasas
até sobre as folhas de relva,
na trilha mais incerta e mais sozinha.
Mas se me perguntarem o que é um poeta
(Eu daria tudo o que era meu por nada),
eu digo.
O poeta é uma deformidade.
Claudia Roquette-Pinto

sábado, 5 de setembro de 2009

reticências ou ontem foi...

Foto: Gianni Muratori

Ontem estive na berlinda. Coisa difícil de se passar.
Ontem estive no meio das mágoas, no meio das perguntas.
Ontem estive tão frágil.
Ontem estive tão séria.
Ontem dei uma volta lá
fora - clamava pelo aconchego da minha vaidade.
Ontem me perdi outra vez das minhas certezas.
Hoje de manhã
depois de abrir e fechar gavetas
depois achar alguns botões
dentes de leite, tocos de velas e velhos cartões de natal
desisti - enfim - de encontrar um ponto de exclamação.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Browne & Magritte - Intertextualidades II

Anthony Browne - Willy o sonhador
René Maagritte - O castelo dos pirineus


Tem dias, olho pra essa pintura de Magritte e me reconheço nela. Às vezes fico contente... às vezes não.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Vacas & Livros


La vaca es un rumiante: se traga el alimento para más tarde devolverlo a la boca y masticarlo con tranquilidad. Exactamente de esa forma se deberían leer los libros: volviendo a ellos en diferentes ocasiones y masticándolos a fondo para asegurarnos una digestión placentera.
Los niños aprenden con los libros, pero también con las piedras, las moscas, las hormigas y las arañas. Aprenden con todo. Aprenden jugando. Y no se cansan de aprender. Por eso es absurdo que existan libros aburridos y que se pierda el tiempo con ellos en lugar de dedicarlo a observar a los escarabajos peloteros. Algunos de los más aburridos están hechos por gente con mentalidad de sastre que cree que los libros para niños deben ser como los trajes para niños: varias tallas más pequeños. La mirada inocente del niño nada tiene que ver con los pantaloncitos. Si no se entiende todo, ¿qué más da? Pocos adultos pueden explicar por qué vuelan los aviones y sin embargo no tienen miedo a viajar en ellos.
A excepción de los que se hacen para idiotizar, cada libro contiene el fragmento de un plano del tesoro (o al menos así se decía antes). Sólo cuando reunamos todos los pedazos seremos capaces de descifrar ese secreto que parece tan bien guardado. A veces uno se toma su tiempo. No es raro empezar a leer a los 7 años y ver que a los 77 seguimos con el mismo libro entre las manos.
(Trecho da apresentação da editora espanhola Media Vaca http:www.mediavaca.com)