
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Uma arte - Elisabeth Bishop
Tradução: Ricardo Cabús
(In: CABUS, Ricardo, Cacos Inconexos. Maceió: Instituto Lumeeiro, 2010)
A arte de perder não é difícil de dominar;
tantas coisas parecem cheias do intento
de ser perdida que sua perda não é um desastre.
Perca alguma coisa todo dia. Aceite a perturbação
de perder as chaves da porta, a hora gasta inadequadamente.
A arte de perder não é difícil de dominar.
Então pratique perder mais, perder mais rápido:
lugares e nomes e para onde você queria
viajar. Nada disso será um desastre.
Perdi o relógio de minha mãe. E veja! Minha última, ou
quase-última, de três casas queridas se foram.
A arte de perder não é difícil de dominar.
Perdi duas amáveis cidades. E, mais vasto,
alguns reinos que possuía, dois rios, um continente.
Eu sinto falta deles, mas não foi um desastre.
– Mesmo perdendo você (a voz brincalhona, um gesto
que amo) eu não deveria ter mentido. É claro que
a arte de perder não é tão difícil de dominar
embora possa parecer como (escreva isto!) como um desastre.
(In: CABUS, Ricardo, Cacos Inconexos. Maceió: Instituto Lumeeiro, 2010)
A arte de perder não é difícil de dominar;
tantas coisas parecem cheias do intento
de ser perdida que sua perda não é um desastre.
Perca alguma coisa todo dia. Aceite a perturbação
de perder as chaves da porta, a hora gasta inadequadamente.
A arte de perder não é difícil de dominar.
Então pratique perder mais, perder mais rápido:
lugares e nomes e para onde você queria
viajar. Nada disso será um desastre.
Perdi o relógio de minha mãe. E veja! Minha última, ou
quase-última, de três casas queridas se foram.
A arte de perder não é difícil de dominar.
Perdi duas amáveis cidades. E, mais vasto,
alguns reinos que possuía, dois rios, um continente.
Eu sinto falta deles, mas não foi um desastre.
– Mesmo perdendo você (a voz brincalhona, um gesto
que amo) eu não deveria ter mentido. É claro que
a arte de perder não é tão difícil de dominar
embora possa parecer como (escreva isto!) como um desastre.
sábado, 20 de novembro de 2010
sambadinha
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
Eu versus trinta e dois
Trinta e dois moradores de rua assassinados este ano em Maceió. Nada foi feito. E nada que tenho feito, pensado ou vivido merece mais minha atenção do que isto. Os que ainda permanecem nas ruas dormem durante o dia ou em cima de árvores com medo das balas cuspidas por carros noturnos. A crise nos blogs é nada. As aflições estudantis são apenas pedra rolando, vidas compradas ou herdadas. Não há sentido nas reuniões, nas tapiocas, nas bancas, no mar turquesa, no aeroporto, muito menos nesse banzo e no disjuntor queimado.Tento não deixar que as mensagens no celular me façam esquecer que trinta pessoas indefesas foram mortas na cidade em que quase vivo.
O azul desse blog me parece patético, agora.
O azul desse blog me parece patético, agora.
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